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Vender garrafas...

Para ir ao cinema a gente juntava garrafas, ossos, vidros e ferro-velho para vender ao caminhão que passava nas ruas comprando tudo.
Garrafa era difícil de achar - era de guaraná, cerveja, vinho e uma vez ou outra um garrafão de 5 litros que valia mais. Era preciso um monte para receber dez tostões, ou “déztão” para pagar a meia entrada no sábado quando tinha seriado e filmes de
mocinho e bandido. Quando apurava mais, dava para comprar amendoim torrado que vinha com casca, ou balas Toffe ou Chita, as preferidas. Para encontrar material a gente ia catar no lixo do Anjola, nos fundos da matinha da Maria Pia, onde havia milhares de bananeiras.
Uma carroça puxada por quatro robustos burros recolhia o lixo nas ruas da cidade e depositava lá. Tinha garrafas, copos quebrados, às vezes uma torneira velha, pedaços e osso, vidro, latas vazias de banha, um arame, pedaços de fio de cobre, muito valiosos, canos enferrujados.
Os mais espertos sabiam onde os de bar guardavam as garrafas e de noite furtavam algumas para revender ao próprio dono que nunca desconfiava de nada. A gente gastava tudo em cinema, balas de figurinhas, doces, rebuçados, guaraná. Um dia demos sorte e encontramos
uma caixa de garrafas casco escuro jogada na rua. Com o dinheiro compramos uma bola de futebol número cinco e passamos a ser o dono do time, ninguém podia nos tirar...

Juvenil de Souza não agüenta mais tanta chuva. Deve mudar-se para o Saara, onde nunca chove.

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