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Um jardim sem flores

Em nosso jardim interior a primavera não tem dia, semana, mês e nem ano para acontecer. Ela acontece quando menos esperamos, um por de sol mais brilhante, o perfume de flores alvas de uma jabuticabeira com galhos sobre o muro alto, um flamboyant florido numa esquina deserta, o olhar brilhante de uma menina na distante mocidade, o pé de ipê longe explodindo no pasto, um baile de debutantes no Clube Velho, o beijo roubado, a serenata na madrugada escura. É também quando os peixes pequenos despertam e se movimentam na dança do amor e da vida que se renova.
Os sabiás fazem ninho nas bananeiras e cantam de manhã e de tarde um canto solene, dolente e meio triste que relembra velhos amores esquecidos. É como se tudo fosse renascer, o mundo, as pessoas, a alegria daqueles tempos.
Em nosso jardim interior restam flores ressequidas e sem vida no meio das páginas
de um velho livro que nunca voltamos a ler.
Em nosso jardim nunca houve primavera...

Juvenil de Souza acha que a primavera é apenas uma estação do ano. Irregular e igual a todas as outras.


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