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Últimos desejos II

Volto a implorar àqueles velhos amigos para que enviem o gosto de tamarindo ardendo na boca, uma jaca túmida, uma fruta do conde. Mandem a sombra do jatobazeiro do campo do Chico Alemão, o pio de uma coruja da igreja, o bater do sino convocando para a missa, um perfume de angélica do brejo, o frescor da madrugada caminhando descalço no orvalho sobre a grama verde para buscar leite na chácara.
Mandem mangas pela jardineira do Casqueiro, manga rosa, manga coquinho, borbão, comum, uma cesta de jabuticabas maduras e vejam se encontram um pé de gabiroba no cerrado. Por favor, uma pamonha com queijo, uma goiabada, uma pitanga, uma geléia de jabuticaba, um arroz doce, um doce de leite azedo, um ovo e uma galinha caipira para fazer uma canja levanta- defunto com couve picadinha e alguns pedaços de mandioca dentro.
Ressuscitem todos os amigos e amigas que se foram, alguns nem se despediram, encontrem os endereços, telefones, celulares e e-mails para a gente marcar uma festa. E, se possível, descubram onde está aquele menino tímido e sem graça de olhos sonhadores e distantes.
Aquele menino foi a gente naqueles dias de antigamente.

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