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Recados de amor

Naquele dia a gente soltou um papagaio estrela de 6 lados, cada um de uma cor e ele foi viajar para longe com quatro carretéis de linha dez, linha forte e resistente. Foi tão longe que a gente o perdeu de vista; ficou atrás dos morros distantes, encoberto pelas nuvens baixas do tempo de inverno, frio de junho, céu meio esfarrapado e cinza. Mandamos telegrama em código, escrito num pedaço do papel do caderno de caligrafia de linhas tênues e azuis, colado com cuspe, para percorrer a linha até chegar ao destino, se não descolasse antes e se perdesse no vento e fosse pelo azul do céu afora.
Papagaio estrela fica a prumo em cima da cabeça da gente e mandar um telegrama é muito difícil, era preciso a ajuda de um colega que ia levando o papelzinho até o outro lado da rua e depois soltava para que o recado chegasse até o seu destino, que era o cabresto do papagaio e os corações das moças. No papelzinho, cortado com as unhas, a gente mandava recados de amor escritos com caneta de pena de aço, tinta azul do tinteiro quase vazio e letra corrida.
Mas quando o papagaio estrela voltava o telegrama vinha junto, sem resposta. A seda do papel chegava molhada de nuvens, a água de chuva escorria nos dedos e a gente enrolava a linha na lata vazia de óleo Sol Levante sem nenhuma tristeza.
No outro dia continuava mandando recados de amor, como hoje...

Juvenil de Souza bebe que nem gambá velho.

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