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Lembranças

Todo dia a gente lembra das coisas que já se foram para não lembrar nunca mais. O trem na curva da estrada, a gente dentro, assento de madeira de verniz gasto, duro como costela de vaca sem carne; a malinha com poucas roupas e uma grande tristeza nos olhos embaçados de fumaça, lágrimas, nariz entupido sem lenço para enxugar, a mão agarrada na janelinha que tremelicava.
Menino indo embora para longe, a linha de trem era uma cobra que se desdobrava sem
fim, linha Mogyana, destino São Paulo, capital, sobe, Km 312, baldeação em Santos Dumont e Campinas, correria para pegar lugar. Onde será que ficou a mocidade velha, cidade de ruas de terra, futebol na rua, rua de cima e rua de baixo, cinema de matinês, namoro escondido na escadaria da igreja, jabuticabeiras carregadas, escola de pés descalços, córregos de bagres lisos e escorregadios, sarjetas inchadas com a chuva da tarde, água quente que esquentava os nossos pés ali na porta da rua antes de a gente ir dormir sem sonhar, porque a própria velha vida nossa era o sonho já sonhado?

Juvenil de Souza é complicado como descobrir o Tesouro de Momo.
Quem tiver paciência, decifra.


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