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Um ninho de João de Barro

Foi ontem de tarde que a gente percebeu que um casal de João de Barro estava começando a fazer seu ninho de amor no poste de eletricidade que fica defronte à janela do nosso quarto, quando ouvimos um canto diferente dos bandos de velhos pardais.
Era um canto nítido e claro, que fazia tempo que não se ouvia. Eles começaram a fazer o ninho aos poucos com o barro que ia ficando duro como tijolo com o passar dos dias.
O ninho fica numa cruzeta do poste, junto aos fios de eletricidade e de telefone e os passarinhos nem se incomodam com isso. Vão e vêm toda hora e a cada bolinha de barro colocada é um trinado de alegria como que a dizer - daqui a pouco nossa casa estará pronta. Deu saudade dos velhos ninhos, do quintal onde a gente morava, da casa, das ruas. E deu mais nostalgia ainda saber que não existe mais casa, nem quintal nem família e que até o João de Barro veio morar na cidade grande, trabalhando como operário num poste poluído de uma rua sem nome na cidade grande cheia de prédios sujos e pessoas insensíveis.

Juvenil de Souza ganhou R$
5,00 na raspadinha e tem dinheiro
para comprar fósforo o mês inteiro.


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