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Os fantasmas amigos

A casa era grande, quente e aconchegante, com arbustos na frente, portas largas de madeira lisa, um alpendre com cadeiras de balanço, telhados antigos e esverdeados pelo musgo, a cozinha com fogão de lenha onde gatos ronronavam na cinza quente da manhã, sala com mesa imensa e cadeiras altas, um armário com vidros translúcidos de várias cores, guardando licores de sabores escondidos.
Nos quartos de janelas abertas o frio penetrava nos invernos escuros e o vento sibilava pelas frestas das tábuas lixadas do porão onde moravam bruxas, fantasmas e almas do outro mundo.
Na madrugada os galos cantavam um atrás do outro, despertando o novo dia nascendo na alvorada. Dia destes a gente voltou àquela casa de chão de tijolos frios e lisos.
Entramos pela porta aberta naquela meia claridade fosca vazando pelos vidros esfumaçados da janela da sala. Estavam todos lá - rostos e olhos cheios de vida, um gato miava e o cachorro fazia festa agitando o rabo, do telhado sem forro vinham os raios de sol iluminando obliquamente a toalha de linho e migalhas de pão de um café da manhã de muito antigamente. Eram os fantasmas amigos que carregamos nos bolsos todo dia e noite e com os quais a gente, certamente, vai se encontrar...

Juvenil de Souza finge que lembra isso tudo. É mentira.


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