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“Pedacinho colorido de saudade...”

Ela entrou no salão com véus semitransparentes, multicoloridos, brincos de princesa, sandálias de tiras de couro mostrando os pés de unhas pintadas, pernas e coxas sensualmente à mostra, o coração deu um pulo, os olhos luziram, e naquele momento mágico nascia a paixão. Trocamos olhares, sinais, gestos e rodeamos o salão imersos naquele mar que nos engolia vorazmente, enrolados nas serpentinas.
Os confetis coloridos, marcas escarlates nas faces, se descoloriam com o suor. Mão na mão, corpo com corpo, frenesi escaldante, beijo na boca suave e fresca, batom cor-de-rosa marcando de leve os lábios frementes, ela nos conduzia por caminhos desconhecidos.
De dia, namoro debaixo do caramanchão do jardim, ela tomava sorvete, falava de nada e tudo, sempre olhos nos olhos. A voz suave murmurava como um riachinho de água limpa, os cabelos eram cachoeiras despencando de pedras altas. Quatro noites de amor e confetis dentro no bolso da camisa com a fita de seda que ela usara no pescoço.
Na quarta-feira de cinzas duas cruzes da missa marcaram as nossas testas suadas.
À tarde pegou o trem na estação da Mogiana e nunca mais voltou. Dela ficaram apenas a fita e de seda e este pedacinho colorido de saudade.

Juvenil de Souza vive de
lembranças até hoje. Às vezes, já
não sabe se são lembranças reais ou
algum sonho que deixou de viver.


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