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No tempo do gramofone

Um dia, saindo da escola, entramos na casa da professora que tinha um gramofone na sala. Era imenso com a corneta de metal dourado virada para cima dominando o ambiente em cima da cristaleira espelhada que guardava milhares de licoreiras multicoloridas, verdes, azuis, vermelhas, roxas, reverberando os raios de sol que entravam pela janela entreaberta.
As mãos de fada deram corda no aparelho, a agulha desceu macia no disco negro reluzente e a música tomou conta da sala, do corredor, dos quartos e as cortinas de renda dançavam suavemente tocadas pela brisa que vinha lá de fora, trazendo um perfume de laranjeiras e de jasmim. Era pura magia a música saindo da caixa preta e, de repente,surge o sorriso da menina ao lado do piano, vestidinho branco, mãos sobre as teclas, dedilhando como se acompanhasse a música dominadora.
A magia durou exatos três minutos contados no tic-tac do relógio da parede. O encanto perdurou mais alguns minutos enquanto a gente saía de manso, guardando na lembrança os olhos de aço da menina dedilhando as teclas do piano e ouvindo os estertores do gramofone que chiava o fim do disco.

Juvenil de Souza oferece essa música a alguém e esse alguém sabe quem.

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