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Doce de manga e beijos quentes...

Naquele tempo todo mundo fazia doce de manga verde, de gosto azedo, feito massa,delicioso e inesquecível. As crianças tinham que ficar mexendo a massa perto do fogo que esquentava as pernas nuas de calças curtas e as bolhas que estouravam queimavam os braços e as mãos. As meninas só ajudavam a raspar o caroço, depois ficavam por ali, falando e rindo sem parar, olhos brilhantes e macios, as pernas nuas mostrando a penugem rala, chinelos abertos, o sorriso brilhante de dentes brancos, mãos ainda guardando restos amarelos da massa da manga, lábios lisos e carnais pressentindo o sabor do doce.
Foi aí, naquele momento mágico que uma bolha maior estourou e veio cair em nosso braço, queimando um pouco. A menina gulosa e desejosa se chegou, pôs a mão em nosso braço esquerdo e, subitamente, colocou a língua naquele doce-azedo, encostando o nariz no local ardendo e lambeu com gosto e prazer nossa pele áspera. Os pêlos arrepiaram subitamente num desejo imenso que rasgou o coração e irrompeu corpo afora.
Os olhos dela também brilharam na surpresa do gesto inesperado e me deu um beijo quente e inocente na face, que ficou queimando lá dentro, mais que as bolhas vulcânicas do doce já esquecido naquele tacho velho de cobre vermelho ardendo sobre o fogo de labaredas de todas as cores.

Juvenil de Souza tem ainda no
braço as marcas das queimaduras.
E finge que olvidou o desejo
nascente debaixo da mangueira
ao lado daquele tacho.


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