
um cachecol para não pegar friagem e fugir do sereno. Naqueles tempos acordar cedo era a felicidade: a grama ficava coberta de uma fina penugem de geada que a gente desfazia com os dedos quase duros de tanto frio.
A bruma branca tomava as ruas e não se via nada pela frente. Um vulto passava ao longe e se
transformava em fantasma na brancura leitosa. Ou era a impossível namorada de uniforme indo à escola. Não esperávamos que o inverno chegasse assim, tão de repente em nossa vida: as mãos enrugadas, a memória falhando, dores nas costas, rugas impertinentes e a vista
cansada. As lembranças de antigos amores, antigas dores, antigas esperanças se esvaem no inverno do nosso tempo.
Juvenil de Souza octogenário precoce, sente muito frio nas mãos e nos pés.
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