Juvenil de Souza quer comprar um pio de chamar mulher.
Anzol traiçoeiro...
O primeiro peixe que pegamos era um lambari de rabo amarelo, desses que vivem nos córregos aos cardumes, subindo e descendo num balé sem fim. Foi com uma vara de taquara, ainda verde, a gente não sabia escolher direito, uma linha de pouco mais de meio metro e um anzol mosquitinho, tudo mal amarrado e sem nós de marinheiro. O peixe mordeu a isca - uma minhoca gorda e mole arrancada debaixo do pé de banana – e levou para o meio do capinzal, do lado do barranco. Puxamos a vara, assustado, e ele foi parar lá atrás, arfando de falta de ar, pulando no chão sonhando água naquele deserto sem fim. Era maravilhoso, branco, prateado, uma jóia de rara beleza, como todos os outros peixes que viemos a pegar depois. A mão tremia de emoção incontida, como no primeiro beijo do primeiro amor. Hoje, as mãos voltam a tremer, não da emoção do primeiro peixe, do primeiro beijo e do primeiro amor, mas por causa do tempo que passa e nos envelhece, deixando escondido lá longe, aquele peixe no córrego de águas límpidas de cardumes brincando no sobe e desce da água de prata na tarde caindo.
Juvenil de Souza explica
que o lambari inocente nunca
soube que quando escapa da
rede se pega no anzol.
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